sexta-feira, 6 de novembro de 2009

E a nossa história como fica? (Geisa Costa)

DESABAFO: ( A pergunta que não quer calar)

Eu geisa Costa: Atriz Londrinense radicada em curitiba desde 1993 sempre tenho defendido na minha condição de cidadã e mulher negra no desejo de resgatar, perpetuar e valorizar as tradições e cultura de nossos antepassados africanos. procuro, ainda que em passos lentos "na medida do possivel (permitido)" levar através das artes por meio de pesquisas, vivências, oficinas e contação de histórias nas escolas. Abordando as temáticas determinadas pela lei 10.639/03 contribuindo para que seja executada. Antiga reivindicação dos movimentos nacionais de consciência negra na busca por reconhecimento, valorização e afirmação dos direitos.
Sabemos que o processo da construção, não se dá de maneira fácil e rápida, ainda temos que negociar nossas ideias de modo mais harmônioso e conjuntivo, respeitando as diferenças e habilidades de cada um. Mister é que sejamos não apenas dançarinos, mas criadores de nossa coreografia.
Queremos que nossas crianças se valorizem e saibam valorizar nossa cultura e que tenham histórias para contar. Por isso não poderia deixar passar em" branco" mais esse descaso.

Primeiro, o convite para participar do filme Besouro, depois, a satisfação em ajudar a contar de maneira digna, a história de um dos maiores capoeiristas de todos tempos e o prazer em representar o Paraná nessa mega produção com as bençãos dos Orixás.
Foram três meses de preparação intensa, mais um ano inteiro de espera, não só minha, mas de toda a comunidade ávida por conhecer Besouro, e o orgulho dos capoeiristas em ver sua arte valorizada na telona.
Enfim anuncia-se a estréia nacional, expectativas e adrenalina de quem acompanhou o blog desde o inicio, esperando ansiosamente pela estréia.

Decepção geral. Aqui na região sul, recebemos a noticia de que não teremos Besouro e não há previsão se haverá.
Todos queremos saber porque?
Do blog recebemos a triste informação, que diz o seguinte:

E ATENÇÃO: Para a turma imensa de Curitiba que está perguntando por que o filme não estreou por lá, uma informação: porque os exibidores do Paraná não se interessaram.
Aliás, de toda a Região Sul, apenas Porto Alegre está exibindo Besouro.
Se você é de Curitiba, ou de qualquer outra cidade do Sul, e quer assistir ao filme num cinema perto de você, entre em contato com a Federação Nacional dos Exibidores Cinematográficos (Feneec), pelo telefone (21) 2242-5267 (em horário comercial) e manifeste sua vontade. No Rio Grande do Sul, a associação de exibidores locais atende no número (51) 2224-0877. Outra opção é fazer a solicitação diretamente no site do Cinesystem, um dos principais grupos exibidores da Região Sul.
http://www.besouroofilme.com.br/blog/?p=1850#comments

O Bairro Rebouças localizado na região central de Curitiba tem este nome em homenagem ao Engenheiro Antonio Rebouças.
Afrodescendente nascido na cidade de Cachoeira, no interior da Bahia. formou-se em 1860 em engenharia, tendo antes bacharelado em Ciências Físicas e Matemáticas.
Antonio Rebouças se dedicou à construção de estradas de ferro e foi responsável pela construção da antiga estrada de ferro de Paranaguá, no estado do Paraná, uma das maiores e mais belas obras da engenharia brasileira.

Os irmãos André Rebouças (1833 – 1898) e Antonio Rebouças (1838 – 1991) foram abolicionistas e lutaram em defesa dos direitos sociais dos africanos e afrodescendentes.
E muita gente que nasceu aqui no Paraná não conhece essa história e muito menos que eram homens negros. Ainda há quem negue a existência de negros em Curitiba, mas existem e não são poucos.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46% da população brasileira é negra. No Paraná, esse índice é de 23%. Na região Sul do Brasil, o Paraná é o estado que tem mais negros. Já temos registrados, inclusive, mais de 70 comunidades quilombolas no Estado.

O movimento negro esta cada vez mais forte, organizado e atuante, buscando a sua identidade através das mais diferentes manifestações, com amplas discussões para a elaboração e a execução de políticas afirmativas em combate à discriminação da população negra, e outras etnias.


Curitiba é considerada o termômetro cultural do Brasil, capital de primeiro mundo.
Se uma peça for sucesso por aqui, certamente será no restante do País.

Em 2003, a Organização dos Estados Americanos (OEA) elegeu Curitiba como a Capital Americana da Cultura. Além disso, Curitiba a capital do Paraná, ostenta a imagem de uma cidade justa e “igualitária”, que preserva a memória, de todas as “etnias” na construção de um só povo, mas que “apaga” os negros de sua história, porque não considera a sua existência.

Só que dessa vez aconteceu ao contrário:

Porque será que Besouro não estreiou aqui?

Será que não foi aprovado, porque é um filme inspirado em fatos reais, é um filme de aventura, paixão, misticismo e coragem sobre este personagem real que se tornou lenda?
Será que é porque não parece um filme brasileiro. Não é comédia, não se passa em uma favela e não tem atores da Globo nos papeis principais?.
Sendo que é um incentivo aos educadores no que diz respeito a resolução 10.639/03.

Uma oportunidade de resgatar a contribuição e auto-estima do povo negro.

Pararafraseando Raul Seixas: "Quem não tem colírio usa óculos escuro."

"Se acaso o óculos for muito "escuro" cuidado pra não bater a cara contra o muro.

Geisa Costa

Atriz, produtora, contadora de histórias. Terapeuta.
Em 1983 iniciou no teatro com o Curso livre da Secretaria de Cultura de Londrina.
Estreou no Grupo Delta de Londrina, com o espetáculo Gota D'agua - De Chico Buarque, com direção de Jose Antônio Teodoro, estreando em seguida com toda nudez será castigada de Nelson Rodrigues(1984/1987)
com direção de Josè Antonio Teodoro, espetáculo que permaneceu por quatro anos em cartaz.

Desde 1993 em Curitiba, Geisa Costa atuou em vários espetáculos no Teatro de comédias do Paraná e Teatro Guaira. Como O Guerrilheiro da Inconfidência, com Direção de Lutero Almeida, O Eterno Retorno do Cavaleiro solitário, com Direção de Hugo Mengarelli, Òperas Aída e Colombo, Òpera pop negra, com direção de Isidoro Diniz, entre outros.
Em 2002 ganhou o prêmio Gralha Azul de melhor atriz coadjuvante, pela atuação no espetáculo a Casa do Terror 4. Dirigida por João Luiz Fiani no Teatro Lala Chineider.
Terminou uma bem sucedida temporada de Risos e Lágrimas, (a vida de Lala Chineider a dama do teatro paranaense) interpretando Odelair Rodrigues.

Participação em filmes:

2005: cachorro não Chichorro,
Documentário dirigido por Paulo Friebe e Arnoldo Friebe.
2006: Cafundó: Direção de Paulo Betti e Clovis Bueno
2007: A Balada do vampiro, ( contos de Dalton Trevisan)
Direção de Beto Carminatti e Estevan Silva.

(Revista RPC.) Rede Paranaense de Comunicação.
Série causos e casos.

2007: Eu voce e ela.
2008; O Forasteiro.
Ultimo trabalho: Besouro o filme.
Com direção de João Daniel Tikhomiroff. O filme conta a história de Besouro, o maior capoeirista de todos os tempos, um menino que, ao se identificar com o animal que desafia as leis da física, desafia ele mesmo as leis da opressão e do preconceito, Tansformando-se em um herói.

COMO ATIVISTA
Como ativista do movimento União e Consciência negra de Londrina, Geisa Costa criou e produziu em 1988/1992 os primeiros concursos de beleza negra do norte do Paraná, abrindo espaço para os vários grupos culturais e mulheres negras no disputado mercado de trabalho, traz ainda, em seu histórico, a coordenação de várias oficinas ligadas ao resgate da cultura negra. Foi tesoureira adjunta da rede mulheres negras do PR.
Formada tecnóloga em massoterapia pela escola Técnica da UFPR: Como terapeuta Holística atua com massoterapia, Reiki, Shiatsu Radiestesia e Florais.
Contadora de histórias e facilitadora de Oficinas terapeuticas em escolas, empresas e grupos comunitários.

"Ninguém nasce odiando outra pessoa

pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta.

Jamais extinta." (Nelson Mandela)

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